quarta-feira, julho 23, 2014

Crónica São Pedro

 
Caros amigos,

Mais uma vez volto a ser honrado pelo pedido do Cabo António Alfacinha, para fazer alguns comentários sobre a corrida de S. Pedro, que ocorreu este ano, um dia antes da data tradicional, que, ao  não saber os motivos abstenho-me de comentar, mas fico de alguma maneira na expetativa de ver se no próximo ano não se volta a trocar a data tradicional, pois o dia de S.Pedro  em 2015, acontece a uma segunda-feira e sem Mundial.

Voltando à crónica, do primeiro toiro, não me foi possível ver a atuação do cavaleiro mais antigo, Joaquim Bastinhas, do qual o meu lamento, porque perdi com toda a certeza uma faena emotiva e cheia de arte como é apanágio das suas atuações.
Abriu a atuação do G.F.A.Évora, Gonçalo Pires, forcado de confiança, de fina estampa,  e  de veterania, deu o mote aos restantes elementos de como se brilha em noite de compromisso, como é pegar seis toiros na Praça (Arena) de Évora  e com oponentes que já não apresentam a morfologia, encaste d’outros tempos. Contudo não deixam de ser Passanhas.

Nota negativa à maneira como o Grupo ajudou este toiro.
António Telles como sempre esteve correto e duma honestidade toureira, sempre com algum pormenor como apontamento.

Para a pega saltou Dinis Caeiro, que me honrou com o brinde da sua sorte, com maneira muito correta como pisou os terrenos de compromisso, consumando com acerto mais uma pega vibrante.  Acerto também nas ajudas.
Terceiro toiro, foi sem sombra de dúvida, o momento menos conseguido tanto por Rui Fernandes, que teve noite sem o  brilho de outras noites. Há atuações assim. Até para as figuras.

Na pega, Rui Gomes com um toiro cómodo, conseguiu complicar. Não era noite para os “Rui’s” brilharem, no caso do forcado, ausência de experiência para enfrentar a responsabilidade de pegar em palco tão exigente como a Praça d’Évora, condicionou o seu desempenho, consumando ao excessivo terceiro intento. Foi pena, pois a atuação do grupo vinha pautada por altíssimo nível.

Quarto toiro para João Maria Branco, a substituir o lesionado Moura Caetano (a quem desde já envio votos de rápidas melhoras).Noite de êxito para cavaleiro, noite para recordar.
Em relação á pega, não me vou alongar aos comentários, não só pelo facto do forcado a quem coube a responsabilidade de defender os pergaminhos do grupo, frente a toiro com trapio, morfologia  e investida que nos transportava a tempos em que esta ganadaria tinha mais compromisso ser meu filho e poderia por orgulho ou vaidade transcrever para o papel o sentimento de pai babado, contudo não posso deixar de realçar a coesão dos ajudas, em especial o José Maria Menéres, numa primeira ajuda hino aos ajudas e assim ficou expresso o porquê desta ser a forma por excelência duma sorte plena com princípio meio e fim.

Ao João Pedro, que a sorte te acompanhe sempre, um grande Olé a mais um momento sublime.
Quinto toiro saiu a M.Prieto, que esteve  com acerto nesta brega. Não é por escassez de valores que a tauromaquia, como alguns querem  fazer passar tem o futuro condicionado, antes pelo contrário está mais que garantido.

João Madeira com noite para destaque no seu albúm  de recordações, tanto pela magnifica pega, que embora ao segundo intento, talvez por excesso de nervos ou infortúnio no recuar na primeira tentativa com o “asteado” a passar ao lado, corrigiu com acerto ao segundo intento com galhardia e momento de reunião exemplar. Duarte Tirapicos de forma elevada nas ajudas.
Pegar um toiro e rabejar cinco outros, é sem dúvida motivo para satisfação. O meu Olé!

Alegria e pondenor, foi o que o colombiano Jacob Botero trouxe a Évora, lide agradável, com ritmo e muito muito conseguida.
António Alfacinha, um nome que não se consegue desassociar de momentos de raça, valentia e saber, numa sorte toda ela vibrante, correta só ao alcance dos predestinados para momentos únicos.

Um Homem, um Cabo que merece os maiores elogios pela extraordinária pega a fechar a noite  memorável. É também altura de dar glória aos ajudas que em noite de compromisso não se cansaram de gritar aos quatro ventos estamos aqui. E de que maneira o fizeram brilhante não fosse a primeira pega, nas outras cinco arrasaram. Olé!!!

Que a sorte acompanhe o António na espinhosa tarefa de comandar este grupo de jovens, que  enche de orgulho aqueles que em tempos idos, já tiveram o prazer e orgulho de vestir a jaqueta do G.F.A.Évora.
Estão de parabéns , foi uma atuação de enorme valor, enorme é agora a vossa responsabilidade pois a margem de falharem é muito menor, venham toiros e mais toiros.

Não posso terminar sem endereçar um forte abraço ao Ganadeiro Diogo Passanha pelo soberbo curro que enviou a Évora, está explicado porque ser Ganadeiro é tão apaixonante.
O meu lamento:

Não ser possível descrever com mais pormenor todos os momentos das pegas e seus intervenientes por desconhecimento que iria escrever a crónica, não tomei  os devidos apontamentos.
O ganadeiro não ter sido chamado à arena porque foi sem dúvida o grande responsável pelo espetáculo e seu nível.

Não se ter premiado com forte ovação o labor e mestria dos campinos (recolher dos toiros com campinos a cavalo), resultou em pleno. Espero que se repita.
Que diabo, tanta volta de agradecimento sem justificação. No quarto toiro, apenas volta e chamada a médios dos triunfadores desta memorável corrida de toiros, pelo menos mais uma volta.

Acabo os comentários sobre talvez o melhor espetáculo taurino desta temporada.
Venha vinho, venha vinho, venha vinho, Bota abaixo.

João Pedro Oliveira