Crónica São Pedro
Caros amigos,
João Pedro Oliveira
Mais uma vez volto a ser honrado pelo pedido do Cabo António
Alfacinha, para fazer alguns comentários sobre a corrida de S. Pedro, que
ocorreu este ano, um dia antes da data tradicional, que, ao não saber os motivos abstenho-me de comentar,
mas fico de alguma maneira na expetativa de ver se no próximo ano não se volta
a trocar a data tradicional, pois o dia de S.Pedro em 2015, acontece a uma segunda-feira e sem
Mundial.
Voltando à crónica, do primeiro toiro, não me foi possível
ver a atuação do cavaleiro mais antigo, Joaquim Bastinhas, do qual o meu
lamento, porque perdi com toda a certeza uma faena emotiva e cheia de arte como
é apanágio das suas atuações.
Abriu a atuação do G.F.A.Évora, Gonçalo Pires, forcado de
confiança, de fina estampa, e de veterania, deu o mote aos restantes
elementos de como se brilha em noite de compromisso, como é pegar seis toiros
na Praça (Arena) de Évora e com
oponentes que já não apresentam a morfologia, encaste d’outros tempos. Contudo
não deixam de ser Passanhas.
Nota negativa à maneira como o Grupo ajudou este toiro.
António Telles como sempre esteve correto e duma honestidade
toureira, sempre com algum pormenor como apontamento.
Para a pega saltou Dinis Caeiro, que me honrou com o brinde
da sua sorte, com maneira muito correta como pisou os terrenos de compromisso,
consumando com acerto mais uma pega vibrante.
Acerto também nas ajudas.
Terceiro toiro, foi sem sombra de dúvida, o momento menos
conseguido tanto por Rui Fernandes, que teve noite sem o brilho de outras noites. Há atuações assim.
Até para as figuras.
Na pega, Rui Gomes com um toiro cómodo, conseguiu complicar.
Não era noite para os “Rui’s” brilharem, no caso do forcado, ausência de
experiência para enfrentar a responsabilidade de pegar em palco tão exigente
como a Praça d’Évora, condicionou o seu desempenho, consumando ao excessivo
terceiro intento. Foi pena, pois a atuação do grupo vinha pautada por altíssimo
nível.
Quarto toiro para João Maria Branco, a substituir o
lesionado Moura Caetano (a quem desde já envio votos de rápidas melhoras).Noite
de êxito para cavaleiro, noite para recordar.
Em relação á pega, não me vou alongar aos comentários, não
só pelo facto do forcado a quem coube a responsabilidade de defender os
pergaminhos do grupo, frente a toiro com trapio, morfologia e investida que nos transportava a tempos em
que esta ganadaria tinha mais compromisso ser meu filho e poderia por orgulho
ou vaidade transcrever para o papel o sentimento de pai babado, contudo não
posso deixar de realçar a coesão dos ajudas, em especial o José Maria Menéres,
numa primeira ajuda hino aos ajudas e assim ficou expresso o porquê desta ser a
forma por excelência duma sorte plena com princípio meio e fim.
Ao João Pedro, que a sorte te acompanhe sempre, um grande
Olé a mais um momento sublime.
Quinto toiro saiu a M.Prieto, que esteve com acerto nesta brega. Não é por escassez de
valores que a tauromaquia, como alguns querem fazer passar tem o futuro condicionado, antes
pelo contrário está mais que garantido.
João Madeira com noite para destaque no seu albúm de recordações, tanto pela magnifica pega,
que embora ao segundo intento, talvez por excesso de nervos ou infortúnio no
recuar na primeira tentativa com o “asteado” a passar ao lado, corrigiu com
acerto ao segundo intento com galhardia e momento de reunião exemplar. Duarte
Tirapicos de forma elevada nas ajudas.
Pegar um toiro e rabejar cinco outros, é sem dúvida motivo
para satisfação. O meu Olé!
Alegria e pondenor, foi o que o colombiano Jacob Botero
trouxe a Évora, lide agradável, com ritmo e muito muito conseguida.
António Alfacinha, um nome que não se consegue desassociar
de momentos de raça, valentia e saber, numa sorte toda ela vibrante, correta só
ao alcance dos predestinados para momentos únicos.
Um Homem, um Cabo que merece os maiores elogios pela
extraordinária pega a fechar a noite
memorável. É também altura de dar glória aos ajudas que em noite de
compromisso não se cansaram de gritar aos quatro ventos estamos aqui. E de que
maneira o fizeram brilhante não fosse a primeira pega, nas outras cinco
arrasaram. Olé!!!
Que a sorte acompanhe o António na espinhosa tarefa de
comandar este grupo de jovens, que enche
de orgulho aqueles que em tempos idos, já tiveram o prazer e orgulho de vestir
a jaqueta do G.F.A.Évora.
Estão de parabéns , foi uma atuação de enorme valor, enorme
é agora a vossa responsabilidade pois a margem de falharem é muito menor,
venham toiros e mais toiros.
Não posso terminar sem endereçar um forte abraço ao
Ganadeiro Diogo Passanha pelo soberbo curro que enviou a Évora, está explicado
porque ser Ganadeiro é tão apaixonante.
O meu lamento:
Não ser possível descrever com mais pormenor todos os
momentos das pegas e seus intervenientes por desconhecimento que iria escrever
a crónica, não tomei os devidos
apontamentos.
O ganadeiro não ter sido chamado à arena porque foi sem
dúvida o grande responsável pelo espetáculo e seu nível.
Não se ter premiado com forte ovação o labor e mestria dos campinos
(recolher dos toiros com campinos a cavalo), resultou em pleno. Espero que se
repita.
Que diabo, tanta volta de agradecimento sem justificação. No
quarto toiro, apenas volta e chamada a médios dos triunfadores desta memorável
corrida de toiros, pelo menos mais uma volta.
Acabo os comentários sobre talvez o melhor espetáculo
taurino desta temporada.
Venha vinho, venha vinho, venha vinho, Bota abaixo.João Pedro Oliveira