Crónica Corrida Évora
20/10/2013
20/10/2013
Desafiou-me o Cabo António
Alfacinha, a quem agradeço a confiança, para assumir a enorme responsabilidade
de redigir a crónica de mais uma Corrida de Toiros com a participação do Grupo
de Forcados Amadores de Évora. A responsabilidade tornou-se acrescida considerando
estarmos perante um espectáculo realizado na sempre asfixiante e empolgante
Capital do Forcado, ou seja, na Cidade que dá nome ao Nosso Grupo. Sim, Nosso,
dado que, para quem não me conhece tão bem, refiro rapidamente ter tido a
enorme honra de vestir a Jaqueta do GFAE entre 1992 e 2001. Peguei de
caras, dei também bastantes ajudas, fiz-me homem e ganhei amizades para a Vida.
Quanto ao espectáculo em si,
realço tratar-se da primeira vez que presenciei esta Ganaderia em praça e, não
me tendo enchido as medidas quanto à bravura, acabo por me render à
apresentação relativamente homogénea, ainda que alguns dos exemplares
merecessem "mais cara" para se apresentarem numa Praça tão importante
como a de Évora. Nenhum toiro, à excepção do último, terá dado sinais claros de
bravura (antes pelo contrário), contudo saliento que todos os cavaleiros
tentaram "arrimar-se", sendo que destaco a lide do eterno João
Salgueiro, pela experiência que ainda consegue demonstrar e pela forma como deu
a volta e cravou ferros emotivos num toiro que "trepava" literalmente
pelo estribo acima na reunião. Lamento, ainda assim que, pelo preço médio
imposto na bilheteira, tenha o espectador de Corridas de Toiros, numa Praça
como Évora, de pagar para ver lides tão irregulares e com tantas diferenças na
qualidade entre os toureiros.
Quanto às pegas, comentarei
apenas as do GFAE, de forma positivista, dado que os comentários mais técnicos,
tal como Vos transmiti a Todos no discurso, devem ser emanados pelo Cabo, em
conjunto convosco no defeso (e não só), de forma a que, Todos juntos, cimentem
cada vez mais a Vossa Amizade, corrigindo a forma de estar em Praça. A
responsabilidade de vestir esta Jaqueta a isso Vos "obriga".
Para a cara do primeiro toiro,
da corrida e do lote do Grupo mais velho, saltou previsivelmente o Ricardo
Casas Novas, que queria e conseguiu, de forma brilhante e cheia de emoção,
pegar o seu último toiro. Segui atentamente o Ricardo, desde as cortesias,
notando-lhe uma fortíssima emoção, que contagiou a bancada. O Bimbo fechou-se
maravilhosamente na cara de um toiro que ainda achou conseguir-lhe estragar a
festa. Não, o Casas Novas determinado e humilde, sim, consumou a sorte que
procurou, brindando a Mãe e Pai, ou seja, a quem sempre o acompanhou e lhe
"lambeu as feridas". Mereceste o que procuraste, pois na vida e em
praça sempre tens conseguido ser determinado e vencedor. Agora vais, de certo,
VIVER MELHOR - OLÉ -.
Para a cara do terceiro da
corrida saltou o Matxira (Ricardo Sousa), a quem eu vi, precisamente no final
da época há um ano, pegar "com sítio" penso que o último toiro da
temporada. Sei tratar-se de um Forcado que não vira a cara à luta, ávido de
aprender e que me, na altura, me encheu as medidas. Nesta noite, como referiu o
António Alfacinha, não foi a sua noite. Muito bonito a citar, foi perdendo
eficácia na colocação em praça, sendo derrotado por duas vezes. Fechou à
terceira com garra, mas também com uma importante primeira ajuda. Os toiros e o
ambiente, em Évora, não perdoam falhas, mas é aqui que acredito ser a
"praça do Matxira", por aquilo que o vi fazer no ano passado. Para o
último do Nosso lote, o Cabo escolheu o Dinis Caeiro, cujo acontecimento mais
positivo da noite foi a apresentação oficial, à Família GFAE, da sua actual
companheira. Destaco, ainda, que, ao contrário do Ricardo Sousa, soube ir
ganhando os terrenos certos ao toiro, sendo a sua serenidade a fazê-lo o
aspecto que deverá conservar como seu ponto forte. Tenho a certeza que, este
ano e pelo que ouvi, o Dinis fez pegas fantásticas, daí ter merecido a enorme
responsabilidade de pegar em Évora. Não esmoreçam e tentei transcender os
Vossos limites.
Acrescento ainda ter
assistido, desde logo com alguma saudade, à retirada de um forcado das ajudas
que conheço desde criança, irmão de um companheiro de fardação. O Kiko Abreu,
irmão do Vasco e filho de um Fundador do GFAE, resolveu dedicar-se
definitivamente à "rija pega" que encerra a educação de CINCO (!!!)
Filhos que, se saírem ao Pai, vão ainda dar-Lhe muitas alegrias no futuro.
Termino referindo ter sido com
enorme prazer que Vos acompanhei ao jantar, facto que já não acontecia há algum
tempo, ainda que Vos continue a seguir em praça, sempre que possa. Agradeço,
para sempre, a forma como fui recebido, as mensagens de boas vindas e o próprio
jantar. Testemunhei um ambiente fantástico, que se deve à forte união que
existe entre Vós, muito graças à inquestionável e inteligente liderança do Cabo
António Alfacinha, muito bem secundado pelos mais experientes ainda em
actividade. Enfim, não é mais do que aquilo que vivi, enquanto me fardei.
Repito algumas das palavras
que Vos dirigi ao jantar:
- Juntem-se sempre que
possam, sejam amigos, respeitem as decisões do Vosso Cabo, oiçam-no, bebam
copos juntos e peguem os toiros. -
A maior sorte para sempre !
Pelo Grupo de Évora Venha
Vinho, Venha, Venha Vinho, Venha, VENHA VINHO, VENHA, Bota abaixo.
Grande Abraço
André Cotrim