Corrida São Pedro 2015
Mais uma vez,
o cabo António Alfacinha, honra-me com o convite, para escrever a crónica do
S.Pedro.
Corrida montada pela empresa (Toiros
& tauromaquia Ld.ª.) de António Manuel Cardoso. Compunha o cartel 6
cavaleiros, que Graças a Deus não prolongaram como é hábito as lides em
demasia, terá sido pelo enorme calor que se fazia sentir neste último domingo
de Junho na ARENA de ÉVORA ou pela qualidade que mais uma vez a ganadaria
Passanha nos brindou trazendo a Évora um soberbo curro de touros, com
apresentação cuidada como é apanágio na herdade da Pina. Em relação ao
comportamento quiçá devido à diferença de temperatura entre a primeira parte e
a segunda, os hasteados tiveram na minha opinião mais ímpeto após o passar do
equador da corrida, pois a temperatura já mais amena, tenha de algum modo
contribuído para uma melhor e maior entrega dos touros.
Cavaleiros:
JOÃO
MOURA
JOAQUIM
BASTINHAS
ANTÓNIO
TELLES
FRANCISCO
NUNCIO
JOÃO
M. BRANCO
JACOBO
BOTERO
GANADARIA PASSANHA
GRUPO
DE FORCADOS AMADORES DE ÉVORA
(Cabo
ANTÓNIO ALFACINHA)
Primeiro touro
para o cavaleiro mais velho de alternativa, João Moura é sempre um compêndio do
toureio, mesmo com a pouca entrega do oponente deixa sempre algum apontamento da
sua maestria.
Para a cara deste touro, saltou
Francisco Oliveira, aí aumentou de maneira drástica a temperatura, talvez por o
sangue correr de maneira descontrolada nas minhas veias o que faz os laços
familiares, concretizou ao segundo intento, talvez devido aos nervos
precipitou-se de alguma maneira na reunião saindo não sem mostrar raça na cara do
oponente, concretizou com uma pega cheia de raça e sítio difícil de encontrar
em tão jovem forcado, foi de todo um começo carregado de um sentimento que
estávamos perante tarde de responsabilidade para os moços das ramagens.
Vinha aí o Bastinhas nunca pode
ser um momento de apatia pois o maestro de Elvas jamais nos deixa ficar quietos
no lugar, há sempre algo para nos deixar uma recordação daquela tarde.
Como é bonito ver saltar um
forcado como o Manuel Rovisco sempre com aquele ímpeto característico e o saber
que nos transporta para algo só possível para homens com H grande, grande pega Rovisco,
há forcados que o tempo não esconde porque o seu brilho e carisma iluminam a
nossa existência, que Deus te mantenha assim anos a fio.
António Telles pela sua raça
merecia ter passado por Évora com outra sorte, mas nem sempre a coisas correm
de feição, queremos vê-lo outra vez na Arena de Évora.
João Madeira esteve correcto, soube
trazer o touro com acerto, faltou quiçá mais emotividade no cite, de resto
basta assim está de parabéns.
No quarto da ordem o “Califa” das
Alcáçovas, Francisco Núncio, igual a si mesmo recto, pragmático e clássico. É
sempre bom ver o Francisco em cima dum cavalo, tal a postura com que nos brinda.
Hora de assistirmos ao momento de
menos acerto do GFAÉ, Ricardo Sousa, não esteve num dia de acerto, nunca
entendeu o touro, sem crescer de tentativa para tentativa, consumou após
demasiadas tentativas num touro como toda a camada sério e a não facilitar, é
forcado para fazer mais e melhor.
Não há quinto mau, como é hábito
dizer entre aficionados e João Maria Branco aproveitou o asteado que lhe saiu
pela porta dos sustos, empolgante e correcto numa lide cheia de alegria. O
futuro vai-lhe sorrir pois têm carisma e arte para triunfar precisa só de
refrear os momentos de exultar os triunfos.
Porque os forcados são um dos
símbolos da nação, por aquilo que Dinis Caeiro nos fez viver na Arena de Évora,
numa sorte empolgante cheia de raça, transportou-me num carrossel inebriante de
escassos segundos, para ver porque os homens conseguem vencer um animal que nós
adoramos mas que no momento da resfega é violento e de todo imprevisível. Foste
um hino á tenacidade à arte para ti um enorme olé.
Estava convicto que estava
encontrado o triunfador desta memorável corrida de touros, não podia estar mais
equivocado, Jacobo Botero veio a Évora para lutar pelo triunfo, repartindo o
êxito com João Maria Branco. O futuro desta arte equestre está garantido por
mais que nos percamos em tertúlias com sentimentos e retóricas que a festa está
enferma em Évora a juventude disse que podem contar com eles.
Os ditos detractores da festa vão
ter de se esforçar e muito para criar algum tipo de dano na mesma.
Fechou mais uma tarde de triunfo
na Arena de Évora na qual saí orgulhoso por pertencer a esta família.
Começa algo nervoso como é
natural nos momentos iniciais de tremendo compromisso, não é para todos, a
responsabilidade de ter por diante, um enorme curro de Passanhas.
A primeira sorte o grupo algo a
frio ajudou de forma algo atabalhoada em que inexperiência dos mais novos na
febril vontade de ajudar retira o forcado da cara, em momento se diga de mais
apuro para o mesmo. Estava dado o mote, tinham acabado de conquistar o
necessário abanão, para o que se agigantassem duma forma hercúlea.
No segundo e
terceiro assistimos a um rubricar pelos ajudas, de que os caras não precisam de
ter qualquer tipo de apreensão. A coesão é magnífica.
No quarto touro no desacerto do
cara, os ajudas agigantaram-se para colmatar as dificuldades sentidas pelo
mesmo, mas deu para ver de que matéria são feitos estes bravos rapazes. No
quinto e sexto foi o culminar de obra de arte que irá ficar na memória de
muitos. Para os que não tiveram oportunidade de presenciar exibição tão cheia
de pinceladas de génio e coragem, resta deliciarem-se e perceber através destas
parcas palavras que são insuficientes para expressarem o que me vai na alma
após presenciar tamanho triunfo.
Numa tarde de génios não posso deixar de realçar, José
Maria Menéres chamado a receber na arena o devido reconhecimento do público
pois em duas primeiras ajudas de muita classe efectuou uma tarde brilhante.
Ficou-me na memória a eficaz dupla de segundas ajudas composta por Carlos
Rodrigues e André Balsinhas.Com uma primeira ajuda de total entrega, Luís
Miguéns, também ele, deu volta com forcado da cara que disponibilidade, o meu
OLÉ. E nesta mesma sorte não posso deixar passar a oportuníssima terceira ajuda
de Bernardo Manoel.
Foi tarde quente em todos os aspectos. Assim
vale a pena ir aos toiros.
Agradecer a todos que em praça
nos proporcionaram este intenso espectáculo e no campo em especial ao ganadero pelo
curro apresentado, um grande aplauso ao Diogo Passanha.
A empresa está de parabéns belo
fim-de-semana taurino.
João Pedro
Oliveira