segunda-feira, julho 06, 2015

Corrida São Pedro 2015
 



Mais uma vez, o cabo António Alfacinha, honra-me com o convite, para escrever a crónica do S.Pedro.

Corrida montada pela empresa (Toiros & tauromaquia Ld.ª.) de António Manuel Cardoso. Compunha o cartel 6 cavaleiros, que Graças a Deus não prolongaram como é hábito as lides em demasia, terá sido pelo enorme calor que se fazia sentir neste último domingo de Junho na ARENA de ÉVORA ou pela qualidade que mais uma vez a ganadaria Passanha nos brindou trazendo a Évora um soberbo curro de touros, com apresentação cuidada como é apanágio na herdade da Pina. Em relação ao comportamento quiçá devido à diferença de temperatura entre a primeira parte e a segunda, os hasteados tiveram na minha opinião mais ímpeto após o passar do equador da corrida, pois a temperatura já mais amena, tenha de algum modo contribuído para uma melhor e maior entrega dos touros.

                                                          

                                               Cavaleiros:

                                   JOÃO MOURA

                                   JOAQUIM BASTINHAS

                                   ANTÓNIO TELLES

                                   FRANCISCO NUNCIO

                                   JOÃO M. BRANCO

                                   JACOBO BOTERO

 

                                   GANADARIA PASSANHA

 

                                   GRUPO DE FORCADOS AMADORES DE ÉVORA

                                               (Cabo ANTÓNIO ALFACINHA)


Primeiro touro para o cavaleiro mais velho de alternativa, João Moura é sempre um compêndio do toureio, mesmo com a pouca entrega do oponente deixa sempre algum apontamento da sua maestria.

Para a cara deste touro, saltou Francisco Oliveira, aí aumentou de maneira drástica a temperatura, talvez por o sangue correr de maneira descontrolada nas minhas veias o que faz os laços familiares, concretizou ao segundo intento, talvez devido aos nervos precipitou-se de alguma maneira na reunião saindo não sem mostrar raça na cara do oponente, concretizou com uma pega cheia de raça e sítio difícil de encontrar em tão jovem forcado, foi de todo um começo carregado de um sentimento que estávamos perante tarde de responsabilidade para os moços das ramagens.

 

Vinha aí o Bastinhas nunca pode ser um momento de apatia pois o maestro de Elvas jamais nos deixa ficar quietos no lugar, há sempre algo para nos deixar uma recordação daquela tarde.

 

Como é bonito ver saltar um forcado como o Manuel Rovisco sempre com aquele ímpeto característico e o saber que nos transporta para algo só possível para homens com H grande, grande pega Rovisco, há forcados que o tempo não esconde porque o seu brilho e carisma iluminam a nossa existência, que Deus te mantenha assim anos a fio.

 

António Telles pela sua raça merecia ter passado por Évora com outra sorte, mas nem sempre a coisas correm de feição, queremos vê-lo outra vez na Arena de Évora.

 

João Madeira esteve correcto, soube trazer o touro com acerto, faltou quiçá mais emotividade no cite, de resto basta assim está de parabéns.

 

No quarto da ordem o “Califa” das Alcáçovas, Francisco Núncio, igual a si mesmo recto, pragmático e clássico. É sempre bom ver o Francisco em cima dum cavalo, tal a postura com que nos brinda.

 

Hora de assistirmos ao momento de menos acerto do GFAÉ, Ricardo Sousa, não esteve num dia de acerto, nunca entendeu o touro, sem crescer de tentativa para tentativa, consumou após demasiadas tentativas num touro como toda a camada sério e a não facilitar, é forcado para fazer mais e melhor.

 

Não há quinto mau, como é hábito dizer entre aficionados e João Maria Branco aproveitou o asteado que lhe saiu pela porta dos sustos, empolgante e correcto numa lide cheia de alegria. O futuro vai-lhe sorrir pois têm carisma e arte para triunfar precisa só de refrear os momentos de exultar os triunfos.

 

Porque os forcados são um dos símbolos da nação, por aquilo que Dinis Caeiro nos fez viver na Arena de Évora, numa sorte empolgante cheia de raça, transportou-me num carrossel inebriante de escassos segundos, para ver porque os homens conseguem vencer um animal que nós adoramos mas que no momento da resfega é violento e de todo imprevisível. Foste um hino á tenacidade à arte para ti um enorme olé.

 

Estava convicto que estava encontrado o triunfador desta memorável corrida de touros, não podia estar mais equivocado, Jacobo Botero veio a Évora para lutar pelo triunfo, repartindo o êxito com João Maria Branco. O futuro desta arte equestre está garantido por mais que nos percamos em tertúlias com sentimentos e retóricas que a festa está enferma em Évora a juventude disse que podem contar com eles.

Os ditos detractores da festa vão ter de se esforçar e muito para criar algum tipo de dano na mesma.

 
Depois de termos acreditado que já tínhamos vivido a pega, eis que salta o cabo António Alfacinha para num momento sublime, carregado de pondunor de saber e de arte só ao alcance dum restrito número de homens esteve soberbo num compêndio de como se deve fazer.

Fechou mais uma tarde de triunfo na Arena de Évora na qual saí orgulhoso por pertencer a esta família.

 
Durante estas simples palavras abstive-me propositadamente da análise á actuação do Grupo de Forcados de Évora, para poder enfim esplanar o que vivi nesta quente tarde de domingo na Catedral do forcado amador.

Começa algo nervoso como é natural nos momentos iniciais de tremendo compromisso, não é para todos, a responsabilidade de ter por diante, um enorme curro de Passanhas.

A primeira sorte o grupo algo a frio ajudou de forma algo atabalhoada em que inexperiência dos mais novos na febril vontade de ajudar retira o forcado da cara, em momento se diga de mais apuro para o mesmo. Estava dado o mote, tinham acabado de conquistar o necessário abanão, para o que se agigantassem duma forma hercúlea.

No segundo e terceiro assistimos a um rubricar pelos ajudas, de que os caras não precisam de ter qualquer tipo de apreensão. A coesão é magnífica.

No quarto touro no desacerto do cara, os ajudas agigantaram-se para colmatar as dificuldades sentidas pelo mesmo, mas deu para ver de que matéria são feitos estes bravos rapazes. No quinto e sexto foi o culminar de obra de arte que irá ficar na memória de muitos. Para os que não tiveram oportunidade de presenciar exibição tão cheia de pinceladas de génio e coragem, resta deliciarem-se e perceber através destas parcas palavras que são insuficientes para expressarem o que me vai na alma após presenciar tamanho triunfo.

Numa tarde de génios não posso deixar de realçar, José Maria Menéres chamado a receber na arena o devido reconhecimento do público pois em duas primeiras ajudas de muita classe efectuou uma tarde brilhante. Ficou-me na memória a eficaz dupla de segundas ajudas composta por Carlos Rodrigues e André Balsinhas.Com uma primeira ajuda de total entrega, Luís Miguéns, também ele, deu volta com forcado da cara que disponibilidade, o meu OLÉ. E nesta mesma sorte não posso deixar passar a oportuníssima terceira ajuda de Bernardo Manoel.

 Foi tarde quente em todos os aspectos. Assim vale a pena ir aos toiros.

Agradecer a todos que em praça nos proporcionaram este intenso espectáculo e no campo em especial ao ganadero pelo curro apresentado, um grande aplauso ao Diogo Passanha.

    
A empresa está de parabéns belo fim-de-semana taurino.

 
Fecho estas minhas simples palavras com gratidão ao meu Grupo de Forcados Amadores de Évora por continuar a honrar a nossa jaqueta e cidade e a todos os que pertencem a esta família.

 
Venha vinho, venha vinho, bota abaixo!

            João Pedro Oliveira