terça-feira, julho 05, 2011

Évora 29 de Junho (S. Pedro)

Era a nossa segunda corrida, mais uma vez em casa, desta vez cheia e pegando sozinhos, seis touros de Pégoras.



A corrida saiu mansa, pequena, mal apresentada, mistura de novilhos e cinqueños, impedindo o êxito à maioria dos seis cavaleiros.



Da nossa parte, tínhamos a estratégia definida, estar muito correctos em frente aos touros, no que respeita aos forcados de caras e ajudar sem hesitações, fraquezas ou obstáculos todos os seis touros, sem perder a concentração até ao último touro.



Abrir uma corrida de seis touros é sempre difícil como tal optámos por faze-lo com um forcado experiente, Ricardo Casas Novas, perante um touro diminuído, coxo da mão esquerda, o Ricardo esteve perfeito, desde o cite, mais rápido que o normal para ocultar a deficiência do touro até ao final da pega, superiormente ajudada por todo o Grupo, passando pela reunião, perfeita, grande momento e bonita pega à primeira tentativa, pena que tenha resultado numa fractura de rótula do Ricardo.



A função começava bem…



O segundo touro, mais colaborador, foi pegado, também à primeira e muito bem pelo jovem José Miguel Martins, mostrou-se mais plazeado, elegante no cite, sem pressas e reuniu na perfeição, pega vistosa, sempre por cima, tal como a do Ricardo e a maioria aliás, característica acentuada nos touros Pégoras, reuniões duras e viagens por cima.



Mais uma vez o Grupo não deu um passo ao lado e ajudaram perfeitamente, sem quedas ou atropelos.



O terceiro, touro cinqueño, revelou-se o melhor, colaborador, bravo e sem maldade, justo de forças, foi pegado também por outro jovem forcado, merecedor deste reconhecimento por mérito próprio. O Sali, Gonçalo Maria Guerreiro esteve calmo no cite, sem pressas fazendo tudo bem feito, menos bem esteve na reunião, descompôs ligeiramente o touro o que fez que com que este o colhesse nas canelas, o Sali não obstante esta situação, agarrou-se muito bem e não mais saiu, pega concretizada à primeira, com menos brilho que as duas primeiras mas não com menos eficácia.



A primeira parte estava fechada.



Para o início da segunda parte estava reservado um dos momentos altos da noite, a pega de cernelha a um perdido de manso e perigoso Pégoras, os eleitos, Diogo Cabral, em noite de despedida e Gonçalo Pires, que devo realçar, rabejou todos os 9 touros que pegámos em 48h, grande prestação deste forcado!



Voltando à cernelha, tal como se previa o touro nunca encabrestou, como tal a parelha faz-lhe uma primeira entrada, totalmente destapados e resultou um colhida violenta e demorada ao Diogo, o touro só queria Diogo e vivemos um momento de grande apuro e maior espectacularidade, não passou de um susto, que em nada afectou o Diogo, levantou-se, sacudiu o pó e voltou a entrar destapado ao manso, desta feita para o pegar, praça de pé, volta merecidíssima para ambos.



É com pena que vejo o Diogo deixar activamente o Grupo, foi sempre uma enorme mais-valia e um exemplo para todos, a vida é um circulo e este fechou-se para o Diogo, um bem haja pela dedicação e entrega!



O quinto touro e uma vez que estava tudo a correr de feição foi pegado por um forcado com experiência e muitos anos, não a pegar mas a ajudar, Cláudio Carujo, pega mais que merecida por tudo o que tem feito no Grupo, não esteve bem no cite e reunião, notou-se a falta de rodagem nestas funções e na primeira tentativa saiu logo na reunião, excelente na segunda tentativa onde se agarrou com alma, unhas e dentes para ficar no touro, pega muito vistosa e espectacular, basta afinar o cite e reuniões e temos forcado de caras!



Os ajudas começaram a aliviar, não podemos, muitos caídos e algumas liberdades ao touro, não pode acontecer…



O último touro, o pior da noite, violento e brusco, foi pegado pelo jovem mas já experiente forcado João Pedro Oliveira, Guga, primeira tentativa imponente, de livro, tudo bem feito, faltaram ajudas…não consigo entender como depois de se ajudar bem 5 touros se pode falhar num…



Na segunda tentativa o Guga foi afogado pelo primeira ajuda.



José Vacas, quando se pede para ir mais acima numa pega não significa colar-se ao forcado de cara ou se isso acontecer, o ajuda tem de acompanhar o movimento do mesmo, é ele que manda, não pode ser um obstáculo ao movimento, um touro tem sempre mais força que dois homens, logo o ajuda tem de recuar com o cara para se acoplarem ao touro, não deixaste o Guga recuar e por isso nem sequer reuniu.



Ajudar não significa força, tem se pensar em como ajudar e tentar não comprometer a reunião.



Na terceira tentativa houve precipitação do Guga, a partir da terceira a pega já não brilho e é para resolver, o touro tem de estar virado e o grupo/forcado aparecer-lhe à orelha, ligeiramente em diagonal, para o surpreender e este ao desenrolar apanhar o forcado sem violência, já não se pode ir de frente ao touro, citando de largo e mostrando-se ao touro, sabendo que este só quer colher e fazer mal.



Foi pegado à quarta, sem brilho, mas com muita moral do Guga, que nunca se deu por vencido e teve muito valor, pisando terrenos de compromisso e de colhida certa. Parabéns pela galhardia.



Podia ter sido um êxito de recordação, não foi, há erros a corrigir, sobretudo no sector das ajudas e nas saídas dos touros, muito comprometedoras, atabalhoadas e continua a haver muitas quedas desnecessárias a ajudar…não pode ser!



No entanto o saldo é positivo, precisamos de mais destas para afinar a orquestra.