segunda-feira, julho 07, 2008

Évora - 28 de Junho

Num dia especial na vida do Grupo, em que mais uma página se virou na sua história, aqui ficam as palavras dos "actores" principais da noite, João Pedro Murteira Rosado e Bernardo Salgueiro Patinhas.

"Deixo aqui a minha última crónica como Cabo do Grupo, será apenas isso, o relato da primeira parte da corrida de S Pedro, e não o testemunho de despedida, pois esse foi feito no jantar.
Noite de Grupo com muitos dos já retirados a juntarem-se à festa para por um dia voltarem a sentir o calor da trincheira.
Quanto aos toiros saíram com a apresentação que é timbre desta ganadaria a cumpriram no geral.
O público que preenchia ¾ de casa encontrava-se um pouco desligado do espetáculo e não tão emotivo como de costume.
Os cavaleiros andaram sem grandes problemas mas sem romperem em grande triunfo.
Quanto as pegas, penso que foi uma noite para recordar todos os dias se possível, de forma a não ser repetida em nenhuma circunstância, uma vez que estivemos regra geral sempre por baixo dos toiros e a passar ao lado do desejado triunfo.
Para o primeiro foi o Francisco, sem problema e com oficio fez uma pega limpa sem problemas.

O António esteve sempre muito valente no segundo, que precisava de Grupo cá atrás e não o teve. Assim foram quatro tentativas em que podíamos ter resolvido mas não aconteceu.



Para o terceiro fui eu e também estive mal, uma vez que o garraio não apresentava problemas, no entanto as condições são fracas e não consegui fazer melhor.





Um grato abraço ao Manel Silveira pela forma como sempre tem ajudado o Grupo e como tem gerido o nosso Blog.


João Pedro Murteira Rosado"















"Mais uma tradicional corrida nesta data tão simbólica para nós, o S. Pedro, em Évora.
Este ano, esta corrida teve duas particularidades, primeiro, não se realizou no dia 29, dia de S. Pedro, mas sim na noite de 28 de Junho, por imposições desportivas. Em segundo lugar por ser a corrida em que o cabo João Pedro Rosado entregava o comando do grupo.
Tendo sido incumbido da missão de comandar o Grupo após a emotiva pega do João, compete-me fazer a crónica da segunda parte da corrida.
Começo por uma breve referência ao “encierro” de Passanha, desigual de pesos, irrepreensível na apresentação e de comportamentos semelhantes, toiros com o “trapio” que Évora exige.
A corrida saiu a andar, com pouca “fijeza”, toiros que cumpriram nos cavalos, estando o Rui Fernandes, o João Moura Caetano e, em especial, a Isabel Ramos, em bom plano.
Para as pegas houve, na minha opinião, um denominador comum, todos os toiros se arrancaram de pronto, sem que permitissem que os forcados mandassem, proporcionando reuniões altas e tirando a cabeça quando agarrados, tendo havido um toiro agressivo e os restantes cinco suaves.
A segunda parte começou, como mandam os bons costumes e a tradição, com a pega do cabo que iniciava funções. Brindei aos três cabos anteriores como não poderia deixar de ser. O toiro saiu-me de largo não permitindo que o toureasse, não reuni bem e não me agarrei o suficiente, saí nas terceiras ajudas. Tenho obrigação, primeiro de esperar que os toiros me saiam assim e adaptar-me a esta investida, não o fiz, e segundo, tenho obrigação de me agarrar mais aos toiros para não sair, ainda por cima quando os toiros não batem e vão pelo seu caminho. Na segunda tentativa e após ter “acordado” perfilei-me novamente, mandei e julgo ter trazido o toiro mais toureado e humilhado para dentro do grupo, senti as ajudas a entrar, realçando o Rui Sequeira.


No quinto toiro, cumpridor como os irmãos, saindo de largo praticamente de todos os terrenos, escolhi o António Moura Dias para pegar, um forcado que tem tido uma época boa, forcado tranquilo, perfeitamente capaz de cumprir a sua missão. Alertado para o facto de o toiro lhe poder sair de largo e com velocidade, assim aconteceu, o António fechou-se bem de braços, como é habitual, mas não se fechou, em nenhuma das quatro tentativas, de pernas. Como não o fez o toiro andou sempre destapado e os ajudas tinham muitas dificuldades em entrar. Em primeiro lugar, os ajudas tem de estar à espera de qualquer coisa, venha como vier o forcado da cara, se vier mal, já tem experiência suficiente para o compor e fechar sem mais. Em segundo lugar o forcado da cara deve fechar-se enchendo a cara dos toiros, especialmente estes que tem uma viagem com a cara alta, se o fizermos desgastamo-nos menos e “ajudamos” os ajudas a ajudar. Consumou-se ao quarto intento, sem brilho e com um toiro que, pela sua casta crescia de tentativa para tentativa.

Para fechar a corrida designei o José Pereira, forcado com muitos anos de grupo, tendo também pegado na anterior mudança de cabo. O toiro estava à medida, sem violência, investindo, com velocidade, capaz de proporcionar um bom final de festa. O Zé não estava nos seus dias e tornou uma coisa simples num Cabo das Tormentas, tendo sido resolvido o assunto ao quarto intento. O Zé tem capacidades e a obrigação de muito mais.
Resumindo, considero que a nossa actuação esteve longe de ser brilhante, num plano geral não soubemos adaptar-nos aos toiros, tanto os caras como os ajudas. Reconheço que a data e a ocasião tenham pesado e que a vontade de fazer tudo bem feito nos tenha levado ao desacerto e nervosismo que se espelhou na actuação. Espero que esta corrida tenha sido a nossa pior das que se seguem.
A última palavra desta crónica é incontornavelmente para o público da corrida, a todos eles o MEU OBRIGADO, em nome do nosso grupo. Estiveram sempre connosco, entenderam o significado da data, toleraram os desaires, vestiram a nossa jaqueta, sendo sobejamente reconhecida a exigência do público da praça de Évora, nessa noite foram para nos ver e aplaudir, passasse o que passasse, obrigado.
Espero que este começo do novo ciclo do GFA Évora tenha sido como os pais ciganos querem ver os seus filhos, como um mau começo para que depois tudo corra como Deus manda!

Bernardo Salgueiro Patinhas



Lisboa, 3 de Julho de 2008"
fotos: Francisco Romeiras - www.tauromania.com
Florindo Piteira - www.pitonapiton.blogspot.com