quinta-feira, agosto 02, 2007

Alcáçovas 28/7/2007

Para a crónica desta corrida foi escolhido um filho da terra, antigo forcado do nosso Grupo de grande gabarito e galhardia, irmão do actual Cabo e recém casado.

"A pedido do Manel Silveira (Ouriço) calhou-me a mim a tarefa árdua de redigir a crónica da corrida das Alcáçovas, corrida essa que representa muito para mim e para toda a minha família pois é a nossa terra, fardamo-nos no monte e há sempre festarola, desde já endereço agradeço o convite que aceitei com muito apreço.
Passado um ano de interregno o GFAE voltou a uma praça e a uma terra que muitas recordações traz ao grupo. Não sei precisar mas as Alcáçovas já fazem parte do calendário taurino do GFAE à cerca de 15 anos. Ali se iniciaram muitos forcados, pegaram-se pela primeira vez alguns toiros (o meu caso é um desses dia 27 de Julho de 1996).
Esta corrida é também sobejamente conhecida pelas “Festas” no Monte da Courela, festas essas que muitas vezes duraram até à garraiada do dia seguinte e de onde saíram estórias inesquecíveis. Os meus pais sempre adoraram a presença do nosso grupo na Courela, daí nos proporcionarem sempre jantares divertidíssimos, onde acabávamos por ficar até de manhã na alpendorada a “pegar toiros”.
Este ano mais uma vez voltámos a jantar no monte apesar dos meu pais estarem ausentes penso que tudo correu pelo melhor e que a voltámos a ter festa da grande, até porque graças a Deus a corrida correu bem e mais importante ainda ninguém se aleijou.
Passando para a crónica da corrida propriamente dita, o cartel era composto pelos cavaleiros Luís Rouxinol, Francisco Núncio (a jogar em casa) e António Maria Brito Paes, Grupo de Forcados Amadores de Montemor e Évora para pegarem um curro de 6 Núncios.
Quanto aos cavaleiros a minha pouca cultura neste campo impede-me de fazer uma crónica mais aprofundada. A meu ver Luís Rouxinol foi que melhor se mostrou sendo também ele quem neste momento está melhor montado. Fez duas lides muito semelhantes entreteve o publico e não foi maçador na hora de cravar mais ferros.
Francisco Núncio teve uma actuação ao seu estilo. Mais sóbrio calhou-lhe também o pior lote de toiros (não sendo mau) mas a jogar em casa ainda ouviu bastantes palmas.
António Brito Paes, teve uma noite menos conseguida principalmente no seu segundo toiro.
Quanto às nossas pegas e isso é o que interessa.
Para o primeiro toiro o meu irmão escolheu o Ricardo Casas-Novas que com todo o seu saber realizou uma pega fácil onde fez tudo bem. Gostei muito de vê-lo pois atravessou um longo calvário por lesão e folgo em ver que continua com a mesma garra. Neste toiro evidenciou-se ainda um jovem, Miguel Saturnino com uma excelente primeira ajuda plena de querer e de sitio.
Para o segundo toiro foi escolhido o Nuno Lobo, vulgo Gafanhoto. Ele que agora está mais virado para outras “posições” não quer deixar morrer o bichinho de pegar um toiro de caras. Acho que é de louvar esta atitude até porque pegar um toiro volta e meia ajuda muito um ajuda a entender melhor os comportamentos de um toiro. Fez uma pega fácil à primeira demonstrando ao cabo que efectivamente pode ser mais uma boa opção para pegar de caras, e tornando-se cada vez um forcado mais completo, o toiro foi bem ajudado por todo o grupo que deu o “cabedal” ao manifesto.
O Nuno brindou a pega deste toiro à Marta e a mim, um gesto que nos sensibilizou muito. Ele que no nosso casamento estava tão eufórico que decidiu ficar para o segundo dia (mas com mazelas…).
O Faruk decidiu montar a barraquinha tradicional e foi agarrado ao sair do toiro a rabejar, no entanto o desprezo que ele tem pelos bois na hora da saída para mim é uma coisa linda.
Por fim perfilou-se o Jorge Vacas para pegar o ultimo toiro que me pareceu o menos esclarecido. O Jorge que já tinha passado a tarde a azucrinar a cabeça do meu irmão para pegar sempre levou a sua avante. Na primeira tentativa recebe mal o toiro sendo despejado logo no momento da reunião. Fecha a actuação à segunda (e meia) depois de o toiro ter feito um ameaço de arrancar mas no momento da reunião escorrega e volta para trás (o toiro não o forcado). O seu irmão Zé deu-lhe uma boa ajuda assim como o restante grupo.
O Grupo de Montemor pegou os seu toiros correctamente à 2ª , 1ª e 1ª por intermédio dos forcados Frederico Manzarra, Noel Cardozo e António Casimiro respectivamente.
Foi um boa maneira de fechar uma dura tripla de corridas. Com uma corrida confortável que deu para rodar elementos mais novos que acabaram por aproveitar a oportunidade.
Depois rumámos ao Monte da Courela onde nos esperava uma ceia animadíssima, com muitos discursos, e muita diversão. No outro dia ainda houve almoço.
Grande Abraço a todos e que me continuem a encher de orgulho de ter vestido a mesma jaqueta que vocês agora vestem e tão bem defendem.
Pelo Grupo de Évora Venha Vinho
António Rosado"