quarta-feira, novembro 09, 2011

Crónica Corrida de Évora, 30 de Outubro de 2011

Estimados amigos
Não tendo tido oportunidade de ao longo da temporada acompanhar como gostaria as vossas actuações (esta é a terceira actuação que pude assistir), não podia de qualquer forma deixar de responder ao convite que o António Alfacinha me fez para que escrevesse a crónica desta corrida.
Assim, uma vez mais o encerramento da época do Grupo de Forcados Amadores de Évora, ocorreu na nossa praça, aquela que é considerada a catedral do forcado. Numa corrida que ficou marcada igualmente pelo facto de pela primeira vez na Arena d’Évora se ter assistido às cortesias à antiga portuguesas, era grande a expectativa que os aficionados depositavam no curro da prestigiada ganadaria Palha. Outro motivo de interesse era o prémio em disputa para a melhor lide a cavalo – 8º Troféu Branco Núncio – para os cavaleiros António Ribeiro Telles, Luís Rouxinol e João Salgueiro. De realce ainda a homenagem merecida a José Barahona Núncio.
Para que este momento fosse ainda mais marcante, tiveram pela frente um curro de touros muito bem apresentados, mas com comportamentos muito desiguais. Houve touros mansos e que apresentaram dificuldades tanto a cavaleiros como a forcados, como houve touros que proporcionaram boas lides e boas pegas.
No que respeita aos cavaleiros, António Ribeiro Telles esteve regular no primeiro touro, melhorando a sua prestação perante o seu segundo touro mais colaborante. Ao cavaleiro Luís Rouxinol calhou o pior exemplar da corrida. Mesmo assim, com o seu profissionalismo cravou os ferros da ordem, atitude que alguns dos seus companheiros de profissão seguramente não teriam, face às dificuldades que o seu oponente lhe causou. No seu segundo touro, teve uma actuação de nível elevado, com grande entrega, diversificando a cravagem dos diferentes ferros.
Quanto ao cavaleiro João Salgueiro, terá passado um pouco ao lado da corrida, pese embora alguma dificuldade no primeiro da ordem pela sua mansidão, mas perante o último touro da corrida, terá ficado a sensação que poderia ter tirado mais partido na sua lide.
Quanto às pegas, podemos sem facciosismos afirmar que foi mais um grande êxito do grupo (segundo alguns, talvez a melhor actuação da época) com forcados da cara e ajudas a saírem por cima dos touros. O forcado António Alfacinha que assumiu nesta corrida as suas novas funções de Cabo do Grupo, em boa hora assumiu a responsabilidade da primeira pega. Após brinde à sua família e aos elementos actuais do GFAE, citou com calma o touro que pretendia arrancar com prontidão. À sua voz saiu o touro e executou uma pega rijíssima, com o touro a pedir contas a forcado e ajudas, derrotando e tentando fugir ao grupo. Foi seguramente o momento da tarde, com o público a exigir ao forcado 2 voltas à praça. No segundo da ordem, foi para a cara o forcado Gonçalo Pires que brindou aos antigos forcados que em massa acudiram à corrida. Demonstrando uma tremenda calma, foi toureando o touro até que decidido o manda arrancar. Reunindo com perfeição, levou o touro para o meio do grupo, embatendo violentamente nas tábuas, mas com o grupo a fechar então e a consumar mais uma excelente pega. Para fechar a actuação, foi nomeado o jovem João Pedro Oliveira que brindou aos familiares de José Núncio. Perante uma saída pronta do touro, talvez pela sua juventude, não marcou bem a reunião, tendo empranchado e saído pela traseira do touro. Na segunda tentativa, mais calmo, teve oportunidade então para brilhar e consumar outra boa pega.
Completava o cartel o Grupo de Beja, que logo a abrir tiveram pela frente um touro manso que lhes causou imensos problemas. Na primeira tentativa o forcado é colhido e se não fosse a pronta intervenção do médico de serviço á corrida e antigo forcado do
GFAE Dr. Paulo Jaleco, as consequências poderiam ter sido mais graves. Após algumas tentativas de caras e de cernelha, com cabrestos a investir nos forcados, o touro recolhe aos curros, é solto novamente e pegado após mais algumas tentativas. Melhor sorte tiveram nos restantes touros, com duas pegas à primeira.
O troféu em disputa acabou por ser entregue ao cavaleiro António Ribeiro Telles.

Armando Raimundo