segunda-feira, agosto 30, 2010

Crónicas de 12,13 e 15 de Agosto

Armação de Pêra, 12 de Agosto de 2010
Á semelhança do ano anterior voltámos a Armação de Pêra, estância balnear por excelência de muitos alentejanos, e em particular eborenses, para pegar mais uma corrida de touros no Algarve. Corrida de Rio Frio, de comportamento e apresentação adequadas aquela praça, toureavam João Moura, Brito Pais e Miguel Moura, todos em bom plano. Pegámos com os Amadores de Montemor que aproveitaram para dar oportunidades aos mais novos e a alguns ajudas menos experimentados nas caras, boa aposta do Zé Maria. Da nossa parte abrimos a corrida também com um ajuda, pouco pegado, o Jorge Vacas mostrou logo na fardamenta muita disposição e querer, citou tranquilamente, reuniu bem e fechou-se à primeira numa pega bem ajudada. O nosso segundo e último touro, uma vez que a corrida era de 4 touros, foi pegado pelo estreante Ricardo “Matxira”. Fardou-se pela primeira vez e pegou, não acusou essa pressão e fez uma primeira pega, que esperemos de muitas, à primeira. Apenas um reparo, uma vez que a arena era muito grande, levou demasiado tempo no cite, tem de ser mais rápido, nada que o tempo não cure. Um abraço especial a todos os que neste dia vestiram pela primeira vez a nossa jaqueta, à semelhança do que já tinha acontecido na semana anterior em Albufeira. Neste momento assumiram um compromisso com o GFAE, esperemos que o que honrem e dignifiquem. No dia seguinte, voltámos aos touros.

Castro Marim, 13 de Agosto
Depois de um jantar “buffet” no famosíssimo restaurante Armacenense, templo de noctívagos e rei dos cachorros, “Toni dos Cachorros”, rumámos na madrugada de 13 para Monte Gordo, a fim de descansar umas horas antes do compromisso que tínhamos pela noite. Última corrida das Bulfight Sumer Sessions, organização de sucesso inigualável, sob a chancela de Inácio Ramos Júnior. Parabéns à organização. Pegámos com o Real Grupo de Moura touros de Brito Pais, colaboradores e que ajudaram ao sucesso do espectáculo. Mais uma vez serviu esta corrida para fardar os mais novos e os que ainda não se tinham fardado, assim, nesta noite completámos o ciclo, fardámos entre os dias 4 e 13 de Agosto, 12 novos forcados, situação que nos deixa muito satisfeitos pois demonstra procura pelo nosso Grupo e continuidade do mesmo. A todos desejamos as boas vindas e estaremos sempre dispostos a ajudá-los. Pegámos o primeiro touro, à primeira, por intermédio de José Maria Menéres, ajuda experiente, nunca tinha pegado, pediu para o fazer nesta noite e fê-lo, de forma pouco ortodoxa, mas muito eficaz! Num cite muito particular e num recuar ainda mais peculiar, estilo Moonwalk, fechou-se bem para não mais sair, boa pega, mas confesso que prefiro vê-lo numa posição mais atrás. O segundo touro foi pegado à terceira, também pelo principiante Ricardo Sardinha, mostrou o nervosismo habitual dos começos e não se entendeu com o touro, não conseguiu reunir na perfeição, não é para desanimar, melhores dias virão e os erros vão sendo corrigidos. Fechámos a corrida com mais uma pega à primeira de um forcado que debutava, Manuel Rolo, depois de um atribulado brinde, onde as palavras custavam muito a sair, perfilou-se, citou com calma e recuou na medida para se fechar à primeira, bem ajudado por todo o grupo. Desta forma terminámos a nossa passagem pelo Algarve taurino de 2010.

Messejana, 15 de Agosto de 2010
Em dia de aniversário do nosso Cabo fundador, João Nunes Patinhas, tivemos um dos maiores desafios da nossa temporada, senão mesmo o maior. Pode pensar-se que os grandes desafios são no Campo Pequeno, Évora, Santarém, por estranho que possa parecer pegar nestas praças torna-se fácil porque a motivação é enorme. Os verdadeiros desafios consistem em pegar as corridas sérias e duras em sítios em que o impacto é inferior ou quase nenhum. Reconheço todo o mérito às praças pequenas, desmontáveis, de segunda e terceira categorias, em particular à castiça praça de touros de Messejana, localidade tão aficionada e com tanto ambiente taurino. Por outro lado reconheço igualmente o perigo existente nesta praça de alvenaria e sem trincheira, o que significa que os riscos são superiores. Não foi por isso que, mesmo sabendo que não teria qualquer impacto na comunicação social, com pena, e no tecido taurino-empresarial pouco interessado no mérito, longe vão os tempos em que os empresários contratavam os artistas por estes terem boas actuações, mas com isto teremos de viver. Fomos convidados para pegar 6 touros de Murteira Grave, corrida tão ou mais séria do que as de Évora e do Campo Pequeno, touros com pesos entre os 540kg e os 650Kg, alguns sobreros viajados e indesejados em praças de importância superior. Deixamos uma palavra de apreço aos cavaleiros Luís Rouxinol, Brito Pais e Tiago Carreira que mostraram verdadeiro profissionalismo e não precisando de mostrar nada nas suas carreiras aceitaram tourear esta corrida de touros, deixando os caprichos “mandón” de figuras. Parabéns pela actuação. Um agradecimento especial a todos os bandarilheiros que foram incansáveis na sua colaboração connosco, mostrando companheirismo e amizade, quando assim é dá gosto andar na festa. Antes de passar à crónica propriamente dita, apenas mais algumas considerações, tão ao jeito dos portugueses, e se… E se esta corrida fosse exactamente a mesma, o mesmo cartel e os mesmos touros, mas em Lisboa, ou Évora, Santarém ou Coruche? Será que pegaríamos mais e melhores corridas, não sabemos, e na realidade pouco nos importa, pegamos touros, é o que gostamos de fazer, tentamos que o mérito nos abra portas, não são muitas, mas são boas. A “táctica” para esta corrida era a seguinte, uma vez que a arena da praça de Messejana é pequena, sem trincheira, os touros grandes e com força, baseámos a nossa actuação em minimização de riscos e eficácia, tentando surpreender os touros por forma a que não viessem embalados e pudessem ter más ideias, encurtámos distâncias nos forcados de cara e ajudas e assim o resultado seria mais previsível e com menos perigosidade. Algumas críticas houve pelo facto de não se dar vantagens aos touros. As vantagens aos touros dão-se quando há condições para tal, o toureio e as pegas, têm na sua essência, o conceito fundamental, variando depois nos estilos, consoante o tipo de touro e os terrenos onde se toureia ou pega, não vemos as pegas ou o toureio de uma forma estática, ou como modelo único. Voltaríamos e voltaremos a fazer o mesmo caso as circunstâncias assim se apresentem. A corrida de Grave saiu gorda, com força, mansos no geral, um perigoso, bonitos de cabeça, à excepção de dois. Na sua generalidade adiantando-se aos toureiros, para as pegas houve diversos comportamentos. O primeiro touro foi pegado pelo Ricardo Casas-Novas, que apenas se conseguiu fechar à terceira, na primeira esteve perfeito, reuniu bem, foi bem ajudado pelo Zé Guerra que infelizmente se lesionou mas nas segundas o touro afocinha e o Ricardo, devido à pressão no chão não se consegui manter na cara. Na segunda tentativa o Ricardo devia ter surpreendido o touro, nestas condições não se pode estar tanto tempo em frente aos touros, nem desfazer tanta vez, deve entrar-se por eles a dentro e evitar que estes cresçam tanto. É pena pois podia ter resultado à primeira, mas mais importante do que isso, o Ricardo podia ter-se magoado menos. O segundo touro, dos melhores da corrida foi pegado e muito bem à primeira pelo José Miguel Martins, citou com muita decisão e tal como previsto na nossa táctica, surpreendeu o touro. Da mesma forma esteve o Vasco Fernandes, que pegou o terceiro, também à primeira, com a mesma receita, bem no cite, confiante, seguro e decidido, reúne com alguma dificuldade mas o Diogo Cabral dá uma ajuda fundamental e o Vasco com esta ajuda e a sua vontade ficou na cara e assim se pegou mais um, à primeira. O nosso quarto foi o problema da corrida, touro muito sério, pesado, encastado, manso, perigoso e com muita força. Decidimos e bem pegar de cernelha, por intermédio de Diogo Cabral e Gonçalo Pires, O touro cedo revelou problemas no encabestramento, todas as entras, três, foram de forma destapada, com a preciosa ajuda dos bandarilheiros, valentíssimos os forcados, que na primeira foram cuspidos quando quase consumavam uma bonita cernelha, onde os forcados aguentaram uma barbaridade, na segunda entrada a coisa estava cada vez mais complicada devido ao cansaço e ao touro estar cada vez mais encastado. Pegámos à terceira entrada, destapado, ao burladero, com muito pundonor de ambos os forcados. Um agradecimento ao Sr. Director de Corrida pela sua condescendência e compreensão, dadas as circunstâncias e as dificuldades surgidas no encabestramento. O quinto, mais parado, mas sem más ideias foi pegado à primeira pelo Guga, que atravessa um momento magnífico de confiança e determinação, encurtou distâncias, reuniu com dureza e não mais saiu. O sexto e último, o maior, mais temido, mas que foi o melhor touro da corrida foi pegado de forma exemplar, à primeira pelo Manuel Rovisco, recuou como manda os ensinamentos, tirando todo o poder e eventual maldade ao touro, reuniu no seio do grupo, mais uma grande pega do veterano Manuel. Lindíssima forma de fechar esta nossa actuação. Não realcei nas pegas, individualmente, os ajudas e a sua prestação porque quis dar uma relevância especial a estes, não vou nomeá-los, digo apenas que foram incansáveis, que a sua entrega foi total e da forma mais generosa possível, podia ver-se pelo desgaste no final da corrida. Parabéns a todos por esta grande actuação. O grupo foi chamado à praça no final para agradecer, e nas cortesias, no início da corrida, foi demonstrado um grande apoio e simpatia pelo nosso grupo, foi das vezes que mais senti o público connosco, reconhecendo o nosso compromisso. Uma nota especial sobre esta corrida foi o facto de termos feito seis brindes, aos três cavaleiros, ao Maestro Francisco Mendes, matador de touros com muita ligação a Évora e à ganadaria Grave, à Dra. Ângela, pelo convite e recepção em Messejana e ao cabo fundador, em dia de aniversário. GFAE


Foto: www.entrebarreiras.blogspot.com