segunda-feira, maio 18, 2009

Crónicas de Reguengos de Monsaraz e Évora

16/05/09 – Reguengos de Monsaraz, toiros Santiago:

Depois da boa actuação em Setembro último na bonita e castiça praça de toiros de Reguengos de Monsaraz, regressámos a esta praça mais uma vez, no início da nossa temporada.
Anunciavam-se toiros de Santiago, que saíram bem no geral, sem excesso de peso e a deixarem-se tourear, destacando-se um toiro “jabonero” com muito som.

Compartimos cartel com os Amadores de São Mancos, que tiverem uma tarde fácil, com um touro mais complicado mas cujos problemas resolveram com galhardia.
Da nossa parte abrimos a corrida com uma pega do António Alfacinha, um touro à medida para um regresso depois da grave lesão sofrida na temporada passada. Foi das vezes que melhor vi o António, mandou, recuou, pôs investida no touro e fechou-se correctamente, vendo o touro entrar por si. Muito bem, bem também esteve o grupo a fechar, sendo certo que o toiro não apresentava dificuldades.
Para o nosso segundo, um touro mais sério e menos esclarecido saltou a trincheira o João Pedro Oliveira “Guga”, alertado para o facto do toiro ser distraído esteve muito concentrado e quando o toiro raspou no chão e saiu disparado o Guga estava atento, não se descompôs e fechou-se numa reunião perfeita com o toiro a empurrar até lá atrás, boa ajuda do Manel Silveira, que vai reencontrando o seu sitio e a forma desejada, deram ambos uma merecida volta.
No fecho, para um toiro com transmissão, foi designado o Manel Dias, também ele vindo de uma lesão, tinha um toiro com as condições necessárias para recuperar a confiança, as coisas não correram como ele desejaria, faltou-lhe um bocadinho de alma na cara do touro e a pega apenas resultou ao quarto intento, pode e vai com certeza fazer melhor. Destaco igualmente as boas ajudas do Luis Filipe Moedas que resultaram numa lesão sem gravidade fruto precisamente da sua entrega.
Tarde com pouco ambiente e pouca história.

17/05/09 – Évora, Concurso de Ganadarias:

No ano de comemoração do 50º aniversário do Concurso de Ganadarias de Évora, o nosso grupo, sendo o grupo com mais participações nesta corrida, não pode deixar de estar presente mais uma vez.

Corrida com um ambiente fantástico, praça esgotada, aficionados exigentes e toiros sérios. Uma das corridas pelas quais vale a pena ser forcado.
Como grupo mais novo tocaram-nos em sorte os toiros de Palha, Victorino Martin e Passanha, o Miura, Partido de Resina e Grave foram pegados e bem pelo Grupo de Montemor.
Coube ao Manuel Rovisco Pais pegar o toiro de Palha, toiro Palha, de estampa perfeita, muito sério e pesado, o Manuel citou da sua forma característica e o toiro saiu-lhe pronto e com velocidade, boa reunião fazendo uma viagem até ás tábuas, aguentou fortes derrotes e saiu nas tábuas. Poderia ter sido uma grande pega mas a ligeira hesitação nas terceiras ajudas resultou em ais duas tentativas duras mas com valentia realçando sempre a vontade de ficar no toiro, boa segunda ajuda do Guilherme Oliveira.
Para o toiro de Victorino Martin, embora não planeando com antecedência a “estratégia” das corridas, confesso que tinha na cabeça que pegaria este touro saísse com saísse, afortunadamente foi um toiro que embora com muita idade, 6 anos e pouco fijeza, foi um andarilho durante a lide, revelou muita nobreza, característica muito evidente neste encaste de Albaserrada e em particular na vacada de Victorino Martin.
O touro não se fixava e quando me viu saiu pronto mas sem velocidade e zelo, caminhava para mim nem com intenção de colher, nem de fazer mal, apenas vinha, o que torna a pega complicada, tentei alegar e colocar-lhe velocidade mas não quis e veio a seu som, recebo o toiro muito atrás, dentro do grupo, porque recuo muito com os toiros, talvez devesse ter encurtado distâncias para poder recuar o que normalmente recuo e assim facilitar a vida ao grupo que me ajudava pois quando lhes chego estavam todos muito juntos e torna-se mais difícil ajudar, resultou em muita confusão junto às tábuas e acabei por sair num derrote violento no chão, tendo originado a violenta colhida do Rui Sequeira que se magoou com gravidade, desejo a este gigante uma recuperação rápida e eficaz e que fisicamente se recomponha porque psicologicamente é um elixir de vontade, querer e dedicação.
Na segunda o touro sai igual, já consegui ganhar-lhe mais terreno mas não consegui colocar-lhe velocidade, fechei-me e fui bem ajudado, pega consumada.
A fechar a corrida perfilou-se o Francisco Garcia, citou correctamente o bonito Passanha e carregou para o toiro lhe sair com violência, de maneira igual na primeira e segundas tentativas, pegou à terceira sempre com determinação.

Fotos em www.toureio.com

Foi uma corrida dura onde cometemos alguns erros, onde não tivemos sorte em alguns momentos, foi também uma corrida de onde tiramos aspectos positivos. Como tivemos oportunidade de falar podia ter sido um grande êxito mas não foi talvez um pouco por falta de sorte.

Um abraço,

Bernardo Salgueiro Patinhas