segunda-feira, outubro 22, 2007

Campo Pequeno - 18 de Outubro

Forcado do Grupo durante mais de uma década, pertence ao distinto "Clã" Oliveira que tantos e tão bons forcados tem dado ao nosso Grupo, e família à qual o Grupo de Évora muito deve e sempre será indissociável. Filho também de um portentoso Forcado que foi o sr. António Paula Soares. Só este historial assustaria qualquer um, e colocar-lhe-ia um peso brutal nos ombros, mas o António soube pelo seu pulso conquistar um lugar dentro do Grupo e ficar para sempre lembrado como um dos melhores segundas ajudas de que o Grupo alguma vez dispôs! Gostava também de dar um ar da sua Graça e pegar de Caras, posição onde começou a sua carreira, e foi "premiado" pelo João Pedro Oliveira, algumas vezes como forma de agradecimento pela sua dedicação e abnegação ao Grupo. Vem me à memória uma pega nas Alcáçovas... Foi ele também percursor do serviço que este Blog presta hoje, pois geriu um site do Grupo!

"Após convite por parte do Manuel Silveira, ficou para mim a honra e responsabilidade de comentar a actuação do GFAE na última corrida da época.

Numa corrida com inumeras responsabilidades acrescidas, por ser a última corrida do Campo Pequeno, por ser uma corrida de beneficência carregada de simbolismo e principalmente por ser a 25ª corrida do grupo numa época extraordinária pela entrega de todos os elementos. Face a todas estas responsabilidades o grupo apresentou-se em Lisboa fardando a maioria dos seus forcados habituais em corridas de responsabilidade, embora nesta última corrida se tenha verificado uma diferença face ao habitual do resto da época, ou seja, os ajudas resolveram dar oportunidades aos caras para brilharem!

Na primeira pega, frente a um novilho da Ganadaria Passanha, naquele que para mim foi o novilho/touro mais sério de toda a corrida, o João deu a responsabilidade ao Ricardo Casas Novas, forcado que não começou a época desde inicio devido a lesão e que deu inicio à sua época numa animada demonstração na Herdade do Zambujal, que pelos vistos inspirou o Ricardo para uma das épocas mais regulares que teve desde que chegou ao grupo. No Campo Pequeno, com o Diogo Cabral a primeiras, o Francisco Abreu e o Guilherme Oliveira a segundas, o Gonçalo Mira a rabejar, e Rui Sequeira, José Guerra e Jorge Vacas nas terceiras, o Ricardo Casas Novas após oferta das ajudas para brilhar resolveu efectuar uma tentativa enorme, naquela que seria sem dúvida um pega de antologia e digna de registo para o troféu da melhor pega da época do Campo Pequeno (pela emoção que criou e não por ser uma pega perfeita desde o forcado da cara, aos ajudas e rabejador), mas mesmo com todo o querer do Ricardo após fortes derrotes do touro e de uma longa viagem sozinho na cara do touro, em que só o Jorge Vacas conseguiu dar uma “mãozinha” (pena que não se tenha conseguido fechar na cara do touro com o forcado da cara); não foi possível para o Ricardo concretizar a pega ao primeiro intento, mas fica como registo a enorme ovação de pé que o Campo Pequeno lhe proporcionou. Na segunda tentativa, o inverso de tudo o que tinha sido feito correctamente na primeira tentativa, recebeu mal o touro e nem sequer chegou a dar oportunidade aos ajudas. Na terceira tentativa, com as ajudas mais carregadas, a resolver, consumou-se uma pega que deixou um amargo de boca tendo em conta a espectacularidade da primeira tentativa.

Na segunda pega, frente a um novilho de Manuel Coimbra, o João atribuiu a última pega da época ao António Moura Dias, um forcado que para mim não deixa de me surpreender cada vez que o vejo em praça, e nos últimos tempos isso tem acontecido em corridas importantes, muitas vezes frente a touros sérios e com peso. Não deixa de me surpreender pela calma que transmite desde o momento em que salta a trincheira e cita o touro, até à forma impecável com que se fecha nos touros e retira muitas vezes a “maldade” que possam ter por fazer tudo correcto até à reunião. De louvar para um forcado que faz parte do grupo hà alguns anos mas que nas últimas épocas se transformou numa mais valia indiscutível. Nesta pega, em que para além do António, o João escolheu o Francisco Abreu a primeiras, o Guilherme Oliveira e o Nuno Lobo a segundas, o Gonçalo Mira a rabejar e o Manuel Silveira, o Cláudio Carujo e o Miguel Cabral a terceiras. O António Moura Dias resolveu manter a atitude do resto da época e efectuou uma pega “limpa” desde o cite, à reunião e à forma como aguentou a viagem que também foi complicada para os ajudas, não tendo os mesmos conseguido entrar no momento certo, salvo a enorme primeira ajuda espontânea do Manuel Silveira, decisiva para o consumar da pega à primeira tentativa.




Após eu ter tentado convencer o Manuel Silveira do bonito que seria encerrar a época do grupo com uma pega de caras no Campo Pequeno, o Manuel infelizmente não me fez caso e como não pegou de caras resolveu empregar-se a sério nas ajudas, finalizando em grande a sua época, marcada pela entrega e regularidade dentro de praça e pela dedicação ao grupo que o tem caracterizado. Parabéns a ele e a todo o grupo, e principalmente ao João Pedro Rosado pela excelente escola de homens que soube erguer e dirigir na sua última época completa como Cabo do GFAE.

Finalizando com uma análise à posição na pega que mais me cativa, as “segundas”, deixo uma palavra de felicitações às excelentes exibições da equipa das segundas deste ano, na maioria das corridas que tive o prazer de acompanhar o GFAE, vi uma entreajuda e dedicação a fazer lembrar duplas de outros tempos! Parabéns ao meu primo Guilherme, ao Francisco Abreu e ao Nuno Lobo pelas exibições que os vi efectuar!



António Oliveira Paula Soares"

fotos: